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ABORTO CONTRADITÓRIO

SEU CORPO SUAS REGRAS!

  • Foto do escritor: Aborto Contraditório
    Aborto Contraditório
  • 7 de jun. de 2018
  • 4 min de leitura

Relato de uma mulher de 24 anos sobre a sua experiência com o aborto. A pedido da entrevistada decidimos não usar expor o seu nome.

Em 2017 estava finalizando minha faculdade, estava em período de TCC. Trabalhava na parte da manhã e de noite ia para faculdade, era completamente focada sem tempo para vida social, lutando para ter um ótimo futuro.


Em um certo dia me permiti ter um pouco de vida social. Festival de bebidas artesanais quem não gosta? Estava acompanhada e uma coisa levou a outra. Não tomava anticoncepcional então logo em seguida tomei a tal "pílula do dia seguinte".


Quando chegou o período da minha menstruação fiquei atenta e logo estranhei quando atrasou, ainda assim esperei duas semanas para fazer qualquer teste, pois a pílula gera atrasos mesmo. Fiz então dois testes de farmácia e ambos deram positivo, eu não entrei em desespero e mantive a calma, pois sempre tive opinião formada e sempre fui a favor ao aborto, "meu corpo minhas regras".


Mesmo assim eu entrei em contato com amigas, eu sabia que algumas me apoiariam e outras não, mas elas são amigas confiáveis. Eu sabia que elas saberiam lidar com aquilo, pois infelizmente ainda é um assunto polêmico e que não dá para falar com qualquer um.

Para confirmar se realmente isso era real, fiz o teste de sangue na parte da manhã. Foi um pouco dramático para saber o resultado pois só ia sair às 20:00, fui para faculdade como se nada tivesse acontecendo.


Minha amiga saiu do trabalho e foi até minha faculdade me dar apoio e ver o resultado juntas. Deu 20:00. Eu já estava fora da faculdade aguardando com ela, fomos para um bar, nada do resultado. Ficamos conversando e procurando alguém que vendesse o remédio abortivo chamado "cytotec" e qual era o jeito adequado de usar.


Quando finalmente saiu o resultado confirmando eu liguei para o sujeito principal que fazia parte de todo esse processo, achava justo ele saber o que estava acontecendo mesmo ele sendo a favor ou não. Liguei bem calma e perguntei se poderia encontrar com ele, mas ele estava em um compromisso, ele insistiu que eu falasse por telefone, então eu disse tudo! Eu estava grávida de 3 a 4 semanas que foi por conta da nossa irresponsabilidade, mas que era a favor do aborto, perguntei se ele era também, pois eu já estava procurando algum lugar que vendesse o remédio e ele poderia ajudar com o custo.


Obviamente ele ficou um pouco assustado com tanta informação, mas ele manteve a calma também. Se encontramos no outro dia e conversamos, deixei ele bem tranquilo e disse que eu estava tranquila. Sou louca para ser mãe assim como ele é para ser pai, mas não era momento para ambos, sim pode parecer egoísmo e errado dizer isso, mas eu acho pior colocar alguém no mundo e não poder sustentar, dar uma vida de boa qualidade.


Ele ficou do meu lado e aceitou, começou então a pesquisar contatos confiáveis para a compra do remédio, porque muitas pessoas falsificam o que gera grave problemas. Ficamos uma semana buscando, nisso eu comecei a ter alguns sintomas como fixar inchada como se fosse "gases" e ânsia. Todos os dias me perguntava se eu estava realmente bem e meu psicológico. Só para constar nós não tínhamos nada sério, a noite que saíamos foi a primeira e única, digo isso pois é raro isso acontecer, alguém ficar do lado e assumir a responsabilidade também.


Enfim, ele conseguiu com um contato confiável o remédio, antes de comprar perguntou se era realmente isso mesmo que eu queria, que se eu escolhesse ter também ele ficaria do meu lado, mas se eu não quisesse tudo bem também, resumindo ele ficou muito preocupado comigo. Comprou o remédio e levou até minha casa.


O processo precisa seguir muito certinho, para que nada saia errado, encontramos um site aparentemente confiável que explicava tudo o que tinha de ser feito, lá vendia também o remédio e precisava passar por etapas e avaliações psicológica para efetuar a compra. Não compramos por ele, pois ia demorar muito para chegar e quanto mais o tempo passa, mais perigoso fica.


Como disse é chatinho o processo, tive que ficar de jejum ficar acordada para observar todos os sintomas. Tive calafrios assim com muito calor também e cólicas.

Fiquei deitadinha acompanhada de uma amiga, e meu "parceiro" ficou o tempo todo me mandando mensagens para saber como eu estava se era necessário ele me levar ao médico.


Perdi muito sangue, depois ficou normal como uma menstruação. Durante umas duas semanas fiquei tomando água inglesa para limpar o organismo e não deixar nenhum resido para não geral infecção e coisas do tipo. Fui ao médico e fiz ultrassom transvaginal e estava tudo normal. Minha vida continuou e finalizei minha faculdade, hoje continuo correndo atrás dos meus sonhos focando nos meus objetivos para que no futuro talvez eu possa dar uma vida perfeita para uma vida que eu gerar.


Eu não estava pronta naquele momento eu sei que ninguém nunca está, mas é diferente, tem gente que quer e aceita e segue a vida assim. Outras não querem ficar frustradas e tem medo da sociedade julgar e acaba "aceitando" a pressão externa e tem a criança.


Já fazem 9 meses que isso ocorreu, como eu me sinto? Normal, isso aconteceu porque tinha que acontecer. Muitas vezes falamos e defendemos nossas opiniões, como já disse eu sempre fui a favor ao aborto, a vida veio e me testou. "Um será que você é mesmo?". São nesses casos que você testa os seus ideais. Mas não fiz isso para ter orgulho da minha opinião, para provar nada a ninguém. Eu simplesmente fiz porque ao meu ver isso é uma opção e não obrigação. Ninguém deveria ser julgado assim pela sociedade, é muito simples julgar, mas ninguém sabe o que passa na vida da pessoa e se a pessoa tem filho e não cuida porque não tem condições também é julgada. Já deu. Abram a mente.


O corpo tem a alma junto, tem sentimentos e o psicológico é foda, por isso não se afete com as opiniões das outras pessoas, faça o que tenha vontade e o que seja melhor para você!


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