"SOU CONTRA O ABORTO PROVOCADO"
- Aborto Contraditório
- 7 de jun. de 2018
- 3 min de leitura
Como o tema aborto está diretamente ligado a área da saúde, decidimos consultar a opinião de um especialista para desmistificar e esclarecer algumas questões fundamentais sobre tema para construir um debate produtivo e sem achismos.
Gabriella de Lima Fata, graduada em Medicina pela Universidade Nove de Julho e residente de Ginecologia no Hospital Geral de Carapicuíba - São Camilo, gentilmente nos concedeu uma entrevista.
▪Quantos anos a Dra. tem de experiência clínica?
3 anos.
▪Durante esses anos, lembra-se de ter sido procurada por pacientes que tenham passado por um aborto provocado?
Nesses 3 anos tive apenas quatro pacientes que passaram comigo após tentativa de aborto provocado. Não é algo que faz parte da rotina diária do ginecologista, acho que pelo fato das mulheres terem muito receio de procurar o médico, os casos que chegam são aqueles que tiveram desfechos complicados ou em situações de arrependimento.
▪Sabemos que há casos em que o aborto provocado de forma clandestina pode prejudicar a mulher para sempre, impedindo-a de ter filhos e danificando seus órgãos sexuais. Com que frequência isso ocorre? Quais são os principais danos ao corpo da mulher?
A frequência de casos que aparecem em hospitais de ginecologia e obstetrícia geral não é tão grande, varia de zero a um caso por mês. Quando acontecem as consequências para a mulher são várias, entre elas as principais são infecção e hemorragia que podem culminar em choque séptico (infecção generalizada) e histerectomia (retirada do útero) para correção da hemorragia, e comprometendo a vida reprodutiva dessas pacientes.
▪Percebeu, em algum desses casos, a necessidade de a paciente buscar apoio psicológico? Você saberia dizer de que forma o apoio ocorre?
Essas pacientes enquanto estão internadas tem acompanhamento por parte da assistente social e da psicóloga através de entrevistas e conversas na tentativa de tentar entender o que a levou provocar o aborto e qual situação de vida ela se encontra para ajudar com aconselhamento, porém ao receberem alta quase nenhuma delas dá seguimento ao acompanhamento.
▪Como médica, como a Dra. enxerga a polêmica do aborto? Afinal, a partir de que momento pode-se falar que há uma vida sendo gerada?
Polêmica é a melhor palavra que define a situação atual do aborto, de acordo com a ciência há uma vida sendo gerada a partir do momento que o espermatozoide fecundou o óvulo, porém existem teorias que consideram que só há vida intra útero a partir do surgimento de batimentos cardíacos. É um tema muito controverso que engloba muitos aspectos, científicos, religioso e até mesmo culturais.
▪Como cidadã, o que acha da lei de aborto no Brasil?
Na minha visão para a situação e cultura que temos no país, ainda não há uma maneira de avançarmos tanto com a lei atual do aborto, pois de um lado se o aborto for legalizado ele será usado como método de correção para a falta de uso dos métodos de anticoncepção, e por outro lado a não legalização leva ao número gigante de gestações indesejadas com abandono de bebês e crianças após essas gestações. É muito difícil ver qual lado corrigir temos deficiência em muitas esferas e isso limita muito avanços e mudanças na lei atual do aborto.
▪Como profissional e como mulher, o que diria para uma paciente com pretensão de fazer um aborto?
É muito difícil associar o lado profissional e mulher, pois como profissional tenho que aconselhar todos os riscos que a paciente pode passar e não posso aconselhar a paciente procurar uma clínica clandestina e como mulher, no momento atual, eu só sou a favor do aborto em casos de estupro e má formação fetal, do contrário enquanto não houver mudanças culturais, não acho que as maiorias das adolescentes e mulheres estão preparadas.
Sou contra o aborto provocado devido à forma e as condições que ele é feito na maioria das vezes e principalmente pelas consequências que ele traz, comprometendo o futuro reprodutivo da mulher e algumas vezes a própria vida.
Feito por um médico os riscos diminuem muito devido à técnica ser mais adequada, porém, na maioria das vezes é realizado uma curetagem uterina (limpeza do útero) após o aborto, seja ele espontâneo ou provocado.
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