ALÍVIO OU TRAUMA? A DISCUSSÃO SOBRE A SÍNDROME PÓS-ABORTO
- Aborto Contraditório
- 7 de jun. de 2018
- 2 min de leitura
Quais seriam as consequências de um aborto induzido para a mulher? Para os partidários da legalização, o principal sentimento da mulher que acaba de abortar uma gravidez indesejada seria o alívio, seja por não mais ter de carregar no ventre uma criança que não foi planejada, seja o de não ter de sofrer as sanções sociais por ter engravidado sendo solteira, por exemplo. Mas, aqueles que rejeitam o aborto como direito da mulher e o consideram um crime contra a vida apontam a existência de problemas relacionados a sua provocação. Eles defendem que o aborto induzido seria o causador de graves consequências psicológicas que afligem milhares de mulheres ao redor do mundo, problema este que fora denominado de síndrome pós-aborto.
É importante salientar que a comunidade científica ainda não chegou a um consenso quanto a existência da síndrome pós-aborto, pelo menos não na forma como esta costuma ser caracterizada. Alguns estudos comparam os distúrbios psicológicos que caracterizam a referida síndrome com aqueles de mulheres em outras situações - como por exemplo o de mulheres que tiveram filhos que não foram planejados - e as conclusões a que chegam é de que os sintomas são mais ou menos os mesmos, o que descaracterizaria a existência de uma síndrome pós-aborto. Mas o ceticismo de uma parte da comunidade médica não descredita nem outros estudos bem fundamentados a respeito e muito menos relatos contundentes de mulheres que explicam como passaram por tal situação.
Em reportagem publicada pelo The New York Times Magazine (traduzida e publicada no Brasil pelo portal Terra) há 11 anos, a ativista americana Rhonda Arias relata sua trajetória de vida marcada por um primeiro aborto voluntário quando tinha apenas 19 anos: segundo ela, ele mudaria sua vida pra sempre - pra pior. Ela conta que, alguns anos depois, engravidara novamente e, com medo de criar um filho sozinha tornou a abortar. Após isso, seguiu-se depressão, abuso de drogas e um trauma psicológico que ela levaria anos para superar. Atualmente, Arias preside uma instituição que presta auxílio às mulheres que enfrentam situação similar a que ela passou e, quando concedeu a entrevista, estava fazendo um trabalho nos presídios femininos estadunidenses.
A psicóloga portuguesa Maria José Villaça desenvolve um amplo trabalho voltado ao tratamento das mulheres com síndrome pós-aborto. Em um estudo detalhado publicado em 2006, a profissional traça um paralelo entre o distúrbio, que é relativamente recente na literatura médica (embora o próprio Sigmund Freud tenha esboçado algumas coisas a respeito) com a já conhecida Perturbação Pós-Stress Traumático (PPST), onde a classificação dos sintomas em invasivos, os de evitamento e os de hiperativação também se aplicariam a síndrome pós-aborto. Ela explica que o aborto é um trauma porque não depende apenas das convicções morais e religiosas, nem mesmo das convicções científicas, mas de aspectos da natureza intrínseca da mulher, de seu corpo propriamente. Além disso, para Villaça “o aborto é uma experiência de morte. É a morte do potencial humano, da relação, da responsabilidade, do instinto maternal, da esperança”. Confira o artigo completo que trata do tema aqui:
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